segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Agricultor cria árvore que dá flor o ano todo



Um produtor rural de Santa
Leopoldina desenvolveu uma espécie
de eucalipto que pode se
tornar uma alternativa para os
apicultores em todo o Brasil. Trata-
se de uma planta que floresce
o ano inteiro, com potencial para
ser a principal fonte para a produção
do mel de abelha.
O produtor José Lúcio Batista,
o Preto do Viveiro, que também é
técnico agrícola e biólogo, contou
que há cerca de 10 anos percebeu
que dois pés de eucalipto floresciam
mais que o normal. Ele teve
a ideia de fazer um cruzamento
das árvores, fecundando uma
com o pólen da outra.
“Dessa experiência consegui
cinco sementes. Dois pés começaram
a apresentar os primeiros
botões florais com cerca de 75
dias. Normalmente, demoraria
entre cinco e seis anos. Plantamos
essas duas mudas e, fazendo
o acompanhamento, percebemos
a importância para a apicultura”,
relatou José Lúcio.
Após vários testes, 50 árvores
produzidas por clonagem foram
plantadas em uma propriedade
rural na localidade de Rio Bonito,
em Santa Maria de Jetibá.
“Nos últimos dois anos, todos
os meses as plantas apresentaram
botões florais, mas em sete
meses por ano, a florada é mais
intensa”, relatou.

José Lúcio foi apicultor até
1994, mas parou de produzir mel
devido à falta de flores na região.
“Agora eu já estou recomeçando a
produção de mel. Sei que essa nova
variedade de eucalipto não será
a salvação dos apicultores, mas
com certeza irá contribuir muito
para o setor”, garante.
O técnico agrícola da prefeitura
de Santa Leopoldina, André Lima
Neves, acompanha o trabalho de
José Lúcio desde o início do processo.
“Já fizemos contato com o
Ministério da Agricultura Pecuária
e Pesca (Mapa) para registrar a
nova espécie. Acreditamos que
ainda este ano ela já possa ser comercializada”,
acredita André.
Para o secretário de Agricultura
de Santa Leopoldina, Roberto
Dias Ribeiro, a nova espécie de
eucalipto possibilita agregar renda
ao agricultor familiar de duas
formas: para a comercialização
de madeira, já que o desenvolvimento
é o mesmo das variedades
tradicionais, e também para a
produção de mel.
JULIO HUBER
Fonte: Tribuna on line
 Para ler diretamente da fonte: http://pdf.redetribuna.com.br/    colocar o dia 05 -  noticiario e pagina 22

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A importância das abelhas nativas para a conservação das florestas

A importância das abelhas nativas para a conservação das florestas

Por

Olímpio Menezes*

As abelhas são seres fundamentais para a manutenção da vegetação natural e cultivada, pois através da polinização e conseqüente produção de frutos e sementes, contribuem para a perpetuação de muitas espécies nativas e de culturas agrícolas. São importantes formadores de renda para as populações rurais e peri-urbanas, pois aumentam e melhoram a produção de frutos além de possibilitar a comercialização de mel, própolis, pólen e das próprias colônias.

No entanto, apesar desse papel como elemento fundamental à sustentabilidade das áreas com vegetação natural, a maioria da população desconhece a existência e a importância das nossas abelhas nativas. Isso é verificado quando falamos de abelhas: a primeira referência que se tem é a abelha de ferrão (Apis mellifera) conhecida como abelha italiana, atualmente africanizada, resultado entre o cruzamento de três espécies introduzidas no Brasil a partir do século XVI.

Os meliponíneos, assim chamados por pertencerem à subfamília Meliponinae, apesar de apresentarem uma grande diversidade (mais de 300 espécies), são desconhecidos da maioria das pessoas. São conhecidas como abelhas sem ferrão ou ainda abelhas índigenas ou nativas do Brasil. Muitas dessas abelhas, ainda desconhecidas pela ciência, estão na condição de risco de extinção e outras já desapareceram pela ação dizimadora do homem desde o início da colonização. Assim, moça-branca, jataí, mosquito, uruçu, entre outros tipos de abelhas nativas, são ignoradas pelas pessoas, não raro confundidas com outras espécies de insetos e correm o risco de desaparecer nos ambientes alterados pela atividade humana.

A derrubada das florestas e o surgimento de pequenas ilhas de mata (fragmentação) fizeram com que diminuísse o número de colônias de muitas de nossas abelhas nesses ambientes, favorecendo o processo de endogamia (cruzamento entre indivíduos aparentados). A endogamia pode levar a morte da população em algumas gerações, resultando também no desaparecimento de algumas espécies vegetais visitadas por essas abelhas, desestabilizando toda a rede de interrelações existente nos ecossistemas e afetando o próprio homem.

Aliados ao desmatamento e à fragmentação, existem ainda graves problemas como as queimadas, aplicação indiscriminada de agrotóxicos e a ação dos meleiros (pessoas habilidosas em encontrar ninhos dessas abelhas), que derrubam as árvores onde elas habitam para retirar o mel e o pólen (saburá), desestruturando o ninho e abandonando as crias, que se tornam presa fácil para os predadores.

O mais grave é que as rainhas dessas espécies de abelhas, quando acasaladas e já em fase de postura, não conseguem voar, pois apresentam o fenômeno da fisiogastria, ou seja, seus abdomens se dilatam bastante, apresentando-se desproporcionais em relação ao tamanho de suas asas. As abelhas-operárias, obedecendo ao instinto animal e à séculos de evolução, permanecem no local da depredação tentando proteger a rainha e acabam servindo de alimento para outros predadores.

Essas laboriosas abelhas ficam incansavelmente voando de flor em flor a procura de alimento: néctar (fonte de carboidrato), pólen (fonte de proteínas, minerais, etc.) e levam aos seus ninhos, onde são armazenados em potes feitos de cerumes (mistura de cera e resinas).

As resinas são coletadas nas inúmeras árvores visitadas pelas abelhas; a cera é produzida pela ingestão de mel e pólen, que são metabolizados e transformados em pequenas placas de cera. A cera sai dos tergitos abdominais, de onde é retirada com o auxilio das patas traseiras, misturada à resina ou armazenada para posterior utilização.

Os ninhos dos meliponíneos são encontrados em ocos de árvores, muros de pedras, nos galhos de árvores, no solo ou em cupinzeiros e formigueiros, habitados ou não, pois vivem em perfeita simbiose com essas classes de insetos sociáveis.

Estas abelhas sofrem muito com a destruição do seu ambiente natural, encontrando-se sem opções de locais para fazerem seus ninhos. O desmatamento aumenta a incidência direta dos raios solares nos ninhos que porventura permaneçam no local, aumentando a temperatura ambiente e a umidade relativa do ar no interior das colônias. Além disso, suas fontes de alimentos são reduzidas.

E para salvar nossas abelhas indígenas, o que fazer?

Segundo pesquisadores do tema, serão necessárias algumas ações primordiais a serem tomadas por todos envolvidos:

1- Que cada criador brasileiro, com consciência ecológica, crie sessenta colônias de uma única espécie de abelha sem ferrão de sua região, para evitar a endogamia;

2- Que este processo seja iniciado com as espécies de Melipona de cada região, as mais atacadas por meleiros e as que estão mais próximas da extinção;

3- Esses criadores, que realizam divisões artificiais, deverão entregar, todos os anos, uma ou duas colônias para casas próximas as escolas de seu bairro, e colocar colônias em matas da região a fim de iniciar ou incrementar suas populações nessas matas;

4- Que todas as universidades, das regiões em que existam meliponínios e cursos de Biologia, Agronomia, Engenharia Florestal ou Zootecnia, criem um meliponário com sessenta colônias de abelhas nativas para demonstração, experimentação e estudos, colônias essas compradas dos criadores (e não buscadas no mato);

5- Uma atenção toda especial deve ser dada ao plantio das árvores e arbustos que lhes sejam úteis como pasto e abrigo

6- Finalmente, há necessidade de termos campanhas de educação ambiental, sobre as nossas abelhas, ressaltando que elas não representam perigo algum para as pessoas e delas depende a polinização de muitas plantas e conseqüentemente a produção de fruto que alimentam a fauna e de sementes que garantem a perpetuação da floresta.

*Estudante de Agronomia da UFRPE e participa o Grupo Árvores-UFRPE, que congrega professores, alunos e funcionários daquela instituição em prol de ações para a conservação da sua área verde. C coordenador do grupo de estudo sobre abelhas nativas ou sem ferrão.