sábado, 15 de maio de 2010

Própolis Verde



O Brasil exporta setenta toneladas de própolis de abelha por ano para fins medicinais. Um mercado que movimenta 25 milhões de dólares. Os principais compradores são o Japão, Estados Unidos, Alemanha e China.
O extremo interesse internacional é por causa de um tipo de própolis pouco conhecido: a própolis verde.
A própolis verde é especial porque mais de setenta compostos químicos diferentes já foram isolados a partir dessa própolis. Alguns estão sendo usados com sucesso no tratamento do câncer. Para a fabricação da própolis verde, a abelha retira da planta a resina, como a coleta de resina de tronco de árvore, que forma aquela gosma.
Elas são produzidas por uma planta muito comum em Minas, o alecrim-do-campo. A resina serve para defender os brotos do alecrim das doenças e repelir insetos como as formigas. A abelha fica trabalhando, roendo, buscando a parte líquida da brotação. É possível observar que ela deposita a resina nas suas patinhas. É essa mesma resina que é verificada na própolis pronta.
As colônias  de abelhas podem ser atacadas por doenças causadas por vírus fungos e bactérias. Para proteger o lugar onde vivem, elas fabricam a própolis. O nome vem do grego: “pró? quer dizer a favor e “pólis? quer dizer cidade.
O homem conhece os poderes medicinais da própolis desde a antiguidade. A novidade é a descoberta da própolis verde, fabricada com a resina do alecrim-do-campo.
Em Minas Gerais, a vassourinha, ou alecrim-do-campo, é encontrada em grande quantidade nas pastagens.
Antes da descoberta de suas virtudes medicinais, o alecrim-do-campo era usado na fabricação artesanal de vassouras e também para limpar as cinzas do forno a lenha, deixando seus odores nos biscoitos de polvilho. Por isso é chamado também de vassourinha. Ela pertence a mesma família da camomila e do girassol.
A vassourinha é nativa da região central do Brasil, mas pode ser encontrada em quase todas as regiões do país. Os portugueses lhe deram o nome de alecrim-do-campo, porque é muito parecido com o alecrim trazido da Europa, para ser usado como tempero.
É fácil identificar as plantas masculinas e as femininas, as femininas possuem flores fechadas em forma de taças e as masculinas, abertas. Hoje existe um interesse mundial da própolis verde, produzida a partir da resina do alecrim-do-campo.
No município de Cotia, na Grande São Paulo, uma empresa japonesa investiu muito dinheiro na instalação de um laboratório que beneficia própolis verde. Eles compram dos produtores mineiros. Depois de beneficiada, a própolis é analisada em laboratório e exportada para o Japão. A empresa possui própolis em pó. Yoko Schimizo, gerente da empresa, diz que nesse processo, a própolis mantém todas as suas qualidades e perde o gosto forte característico do produto. “Fica bem mais leve e fácil de tomar?.
Na cidade de Campinas, interior de São Paulo, através do trabalho da bióloga Maria Cristina Marcucci, a Fapesp, Fundação de Amparo à Pesquisa, registrou duas patentes de medicamentos extraídos da própolis do alecrim-do-campo. Um desses remédios pode ser usado com muita eficiência para matar bactérias que causam infecção hospitalar, o outro combate bactérias que causam a cárie. “A partir da própolis verde cerca de 30 compostos foram patenteados, incluindo a atividade biológica que cada um apresenta?, diz a bióloga.
Quando questionada se as patentes são brasileiras, ela responde: “Infelizmente, não posso dizer isso, a maior parte vem do Japão. Os japoneses têm esse interesse todo porque a própolis verde apresenta inúmeras propriedades terapêuticas e biológicas, a começar pela atividade antibacteriana, ela atua contra microrganismos, atua no sistema imunológico, prevenindo o aparecimento de doenças e atua também em tumores.
Os compostos do alecrim-do-campo também estão sendo estudados em Minas Gerais, na Fundação Ezequiel Dias, de Belo Horizonte. A bióloga Ester Bastos, especialista no assunto, acrescenta outras razões para o interesse de laboratórios estrangeiros na própolis verde do alecrim. Segundo ela, essa própolis tem uma grande quantidade de ácidos, do grupo dos terpenos, que são muito eficientes na prevenção e no tratamento do câncer. “No Japão, foi isolada uma substância dessa própolis que tem ação ativa contra células tumorais, que já foi patenteada no Japão, apesar do produto ser brasileiro. É provável que em breve seja lançado medicamento à base dessa substância e nós teremos que pagar os direitos para usá-lo.
Para ver de perto o interesse dos japoneses na própolis verde, o Globo Rural foi até o outro lado do mundo. Na cidade de Yokohama, perto de Tóquio, o repórter Mitsuo Kawasaki conversou com o doutor Kaoru Maeda, professor da faculdade de Medicina de Tóquio, especialista em câncer. “A primeira vez que usei a própolis no tratamento de câncer foi há 25 anos. Nós tínhamos vários pacientes sendo submetidos ao tratamento de quimioterapia, receitamos própolis a apenas dois deles, e só eles não apresentaram os efeitos colaterais do tratamento, como queda do cabelo e perda de resistência do organismo. Mas nós não receitamos de qualquer jeito, antes, fazemos o teste de ressonância molecular e entramos com uma dieta alimentar para aumentar a resistência imunológica do paciente. É nessa dieta que entra a própolis verde. Ela não é remédio, mas se você me perguntar onde ela age, eu vou dizer que ela ataca células do câncer e mata bactérias e vírus que aparecem junto com os tumores. Com esse método, nós tratamos vários tipos diferentes de câncer e conseguimos a cura de mais de 90% dos casos.
Aos pés do monte Fugi, na parte central do Japão, vive o professor Hyrofume Naito, membro da Sociedade japonesa de Apiterapia, ciência que usa os produtos das abelhas na cura das doenças. Além da própolis, o professor Naito usa veneno de abelha. Ele tira o ferrão que vem junto com uma bolsinha de veneno e faz a acupuntura em todo o corpo do paciente. O professor explica por que os ácidos do grupo dos terpenos, presentes na própolis verde do alecrim combatem o câncer. Ele diz que de uns quinze anos para cá, a causa de várias doenças dos seres humanos têm sido atribuída à oxidação das células, como exemplo, o câncer de estômago e de fígado. “Muitos produtos naturais são eficientes no combate aos radicais livres que causam as oxidações das células, são os chamados anti-oxidantes, mas nenhum deles até agora mostrou mais eficiência do que a própolis verde.
Shuzo Assumassa é um dos pacientes do professor Naito. Ele diz que tem câncer de próstata e que a própolis tem ajudado muito seu organismo a resistir ao tratamento quimioterápico. “Estou me sentindo bem e até agora nem perdi os cabelos, revela ele.
A senhora Stsuco Kobaiachi se diz fã incondicional da própolis verde, ela diz que toma duas cápsulas por dia para um tratamento de asma. Ela diz que está ótima e acrescenta que várias pessoas da sua família fazem uso da própolis brasileira para combater outro mal, o envelhecimento precoce.
Mas no Brasil, também existem pesquisas visando a prevenção e o tratamento do câncer através das essências da própolis. Na faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, a pesquisadora Deisy Salvatori coordena um trabalho que testou a própolis em ratos que apresentavam tumores cancerígenos no esôfago. O câncer foi provocado por injeção de produtos químicos. “Nós observamos que os animais do grupo que recebeu a própolis apresentaram uma menor freqüência de lesões, tanto de DNA, que são lesões que iniciam o processo do câncer, quanto nas lesões após a cirurgia no animal em que é exposto intestino, é possível perceber que diminuem as alterações nas mucosas do cólon.
Segundo a bióloga, isso significa que a própolis teve uma ação inibidora na formação do câncer. “Ela previne a ação de compostos que são cancerígenos, mas esses resultados são preliminares para que a gente possa dizer que a própolis tem um efeito terapêutico. Ela tem efeito de prevenir e não de curar o câncer.

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